Questões de Prevenção de Feridas
Teste seus conhecimentos sobre estratégias e medidas para prevenir o desenvolvimento de feridas
Qual é a frequência recomendada para a mudança de decúbito em pacientes acamados com alto risco de desenvolver lesões por pressão?
Resposta correta: B
A frequência recomendada para mudança de decúbito em pacientes acamados de alto risco é a cada 2 horas.
Explicação:
A prevenção de lesões por pressão (LPP) é um componente crucial do cuidado ao paciente, especialmente aqueles com mobilidade reduzida. A pressão prolongada sobre proeminências ósseas pode levar à isquemia tecidual e subsequente necrose, resultando em LPP.
Uma das estratégias fundamentais para prevenir LPP é o reposicionamento regular do paciente para aliviar a pressão sobre áreas vulneráveis. As diretrizes internacionais, como as do National Pressure Injury Advisory Panel (NPIAP), European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP) e Pan Pacific Pressure Injury Alliance (PPPIA), recomendam:
- Mudança de decúbito a cada 2 horas: Este é o intervalo tradicionalmente recomendado para pacientes acamados que não conseguem se reposicionar sozinhos e estão em risco de desenvolver LPP. Este intervalo baseia-se em estudos que mostram que a pressão prolongada por mais de 2 horas pode causar danos teciduais.
- Individualização: A frequência exata deve ser individualizada com base na avaliação do paciente, incluindo:
- Nível de risco (avaliado por escalas como Braden)
- Condição da pele
- Tolerância do paciente ao reposicionamento
- Tipo de superfície de suporte utilizada (colchões especiais podem permitir intervalos maiores)
- Objetivos gerais do cuidado
- Pacientes sentados: Para pacientes sentados em cadeiras de rodas ou poltronas, o reposicionamento ou alívio de pressão deve ser mais frequente, geralmente a cada 1 hora, pois a pressão sobre as tuberosidades isquiáticas pode ser muito alta.
É importante usar técnicas adequadas de reposicionamento para evitar fricção e cisalhamento, que também contribuem para o desenvolvimento de LPP. O uso de dispositivos de auxílio (como lençóis de transferência) e a manutenção de um cronograma de reposicionamento documentado são práticas recomendadas.
Portanto, embora a individualização seja chave, a recomendação geral para pacientes acamados de alto risco permanece a mudança de decúbito a cada 2 horas como ponto de partida.
Qual das seguintes medidas é MAIS importante para prevenir lesões de pele associadas à umidade (MASD - Moisture-Associated Skin Damage)?
Resposta correta: C
Manter a pele limpa e seca, com uso de barreiras protetoras, é a medida mais importante para prevenir MASD.
Explicação:
Lesões de Pele Associadas à Umidade (MASD) referem-se à inflamação e erosão da pele causadas pela exposição prolongada a diversas fontes de umidade, como urina, fezes, exsudato de feridas, suor ou saliva. A umidade excessiva compromete a função de barreira da pele, tornando-a mais suscetível a danos por fricção, cisalhamento e infecções secundárias.
Existem diferentes tipos de MASD, incluindo:
- Dermatite Associada à Incontinência (DAI)
- Dermatite Intertriginosa (intertrigo)
- Dermatite Perilesional Associada à Umidade
- Dermatite Periestomal Associada à Umidade
A prevenção da MASD baseia-se em um regime estruturado de cuidados com a pele:
- Limpeza: Limpar a pele suavemente após cada episódio de incontinência ou exposição à umidade, usando limpadores com pH balanceado (evitar sabões alcalinos).
- Proteção: Aplicar um produto de barreira cutânea (creme, pomada ou filme de barreira) para proteger a pele da exposição à umidade e irritantes. Produtos à base de óxido de zinco ou dimeticona são comumente usados.
- Restauração (se necessário): Usar produtos que ajudem a restaurar a função de barreira da pele, como hidratantes.
Analisando as alternativas:
- A: Antibióticos tópicos são usados para tratar infecções, não para prevenir MASD.
- B: O uso de talco não é recomendado, pois pode causar irritação, aglomerar-se em áreas úmidas e ser inalado.
- C: Manter a pele limpa e seca e usar barreiras protetoras são os pilares da prevenção da MASD.
- D: Massagem vigorosa, especialmente sobre proeminências ósseas, deve ser evitada, pois pode causar danos aos tecidos subjacentes.
- E: Exposição prolongada ao sol não tem relação com a prevenção de MASD e pode causar outros danos à pele.
Além dos cuidados com a pele, o manejo da causa subjacente da umidade (ex: controle da incontinência, manejo do exsudato da ferida) também é fundamental.
Qual das seguintes intervenções nutricionais é fundamental para a prevenção e cicatrização de feridas?
Resposta correta: B
A ingestão adequada de proteínas, calorias, vitaminas e minerais é fundamental para a prevenção e cicatrização de feridas.
Explicação:
O estado nutricional desempenha um papel crítico na manutenção da integridade da pele e no processo de cicatrização de feridas. A desnutrição é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de lesões por pressão e outras feridas, além de prejudicar a cicatrização das feridas existentes.
Os principais componentes nutricionais importantes para a saúde da pele e cicatrização incluem:
- Proteínas: São essenciais para a síntese de colágeno, angiogênese, proliferação celular e função imunológica. A demanda proteica aumenta significativamente durante a cicatrização. Recomenda-se uma ingestão de 1,25 a 1,5 g/kg/dia para pacientes com feridas, podendo ser maior em casos de feridas extensas ou múltiplas.
- Calorias (Energia): A cicatrização é um processo que consome energia. A ingestão calórica adequada (geralmente 30-35 kcal/kg/dia) é necessária para suportar o metabolismo celular aumentado e evitar que o corpo utilize proteínas como fonte de energia (catabolismo proteico). Carboidratos e gorduras são as principais fontes de energia.
- Vitaminas:
- Vitamina C (Ácido Ascórbico): Essencial para a síntese de colágeno, função imunológica e atividade antioxidante.
- Vitamina A: Importante para a epitelização, síntese de colágeno e resposta inflamatória.
- Vitaminas do Complexo B: Cofatores em muitas reações metabólicas essenciais para a cicatrização.
- Minerais:
- Zinco: Cofator para enzimas envolvidas na proliferação celular e síntese de proteínas. A suplementação só é recomendada se houver deficiência comprovada.
- Ferro: Necessário para a síntese de hemoglobina e transporte de oxigênio, essencial para a cicatrização.
- Cobre: Envolvido na reticulação do colágeno e angiogênese.
- Água: A hidratação adequada é crucial para manter a perfusão tecidual e as funções celulares.
- Arginina e Glutamina: Aminoácidos que podem ter papéis específicos na cicatrização, especialmente em pacientes com estresse metabólico significativo, embora a evidência para suplementação rotineira ainda esteja em debate.
Portanto, uma avaliação nutricional completa e a garantia de uma ingestão adequada de todos esses nutrientes são fundamentais. Dietas restritivas (A, E), ricas em gorduras saturadas (C) ou suplementação isolada (D) não são abordagens adequadas e podem até ser prejudiciais.
Qual tipo de superfície de suporte (colchão) é considerado mais eficaz na redistribuição de pressão para pacientes de alto risco de LPP?
Resposta correta: C
Colchões de pressão alternada ou de baixa pressão contínua são considerados mais eficazes na redistribuição de pressão para pacientes de alto risco.
Explicação:
As superfícies de suporte (colchões e almofadas) desempenham um papel crucial na prevenção de lesões por pressão, redistribuindo a pressão sobre as proeminências ósseas e reduzindo as forças de cisalhamento. Existem diferentes tipos de superfícies de suporte:
- Superfícies Estáticas: Redistribuem a pressão de forma constante, aumentando a área de contato do corpo com a superfície. Exemplos incluem:
- Colchão de espuma padrão hospitalar: Oferece suporte básico, mas pouca redistribuição de pressão. Não é adequado para pacientes em risco.
- Colchão de espuma de alta densidade/viscoelástica: Melhora a redistribuição de pressão em comparação com a espuma padrão. Adequado para pacientes de risco baixo a moderado.
- Colchão de água: Redistribui bem a pressão, mas pode ser instável e dificultar a mobilidade do paciente.
- Colchão de ar estático (não motorizado): Câmaras de ar interconectadas que se ajustam ao contorno do corpo.
- Sobreposição tipo "caixa de ovo": Oferece conforto mínimo e pouca redistribuição de pressão; não é recomendada para prevenção de LPP.
- Superfícies Dinâmicas (Ativas): Utilizam energia (geralmente elétrica) para alterar periodicamente as características de suporte, aliviando a pressão de forma cíclica ou mantendo uma pressão muito baixa. Exemplos incluem:
- Colchão de pressão alternada: Possui células de ar que inflam e desinflam alternadamente em ciclos, mudando os pontos de pressão. Considerado eficaz para pacientes de alto risco ou com LPP existente.
- Colchão de baixa pressão contínua (Low Air Loss - LAL): Mantém uma pressão de interface muito baixa e constante, permitindo que o corpo "flutue" sobre a superfície. Frequentemente, também permite a circulação de ar para controlar a umidade e a temperatura da pele. Altamente eficaz para pacientes de alto risco.
- Colchão de fluidificação por ar (Air Fluidized): Contém microesferas de vidro ou cerâmica fluidificadas por um fluxo de ar, criando uma superfície semelhante a um líquido denso. Oferece excelente redistribuição de pressão, mas é caro e pode causar desidratação.
As diretrizes recomendam o uso de superfícies de suporte de alta especificação (espumas de alta densidade, colchões de ar estático avançados ou superfícies dinâmicas) para pacientes em risco de desenvolver LPP. Para pacientes de alto risco ou com LPP existente, as superfícies dinâmicas (pressão alternada ou baixa pressão contínua) são geralmente consideradas as mais eficazes.
Portanto, a opção C representa os tipos de colchões mais avançados e eficazes para a redistribuição de pressão em pacientes de alto risco.
Qual é a principal estratégia para prevenir úlceras de pé diabético relacionadas à neuropatia?
Resposta correta: D
A inspeção diária dos pés e o uso de calçados adequados são as principais estratégias para prevenir úlceras de pé diabético relacionadas à neuropatia.
Explicação:
A neuropatia diabética periférica, que causa perda de sensibilidade protetora nos pés, é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de úlceras de pé diabético. Pacientes com neuropatia podem não sentir dor ou desconforto de pequenos traumas, calos, bolhas ou pressão inadequada de calçados, permitindo que lesões progridam para úlceras.
As estratégias de prevenção focam em proteger os pés de traumas e identificar precocemente quaisquer lesões:
- Inspeção diária dos pés: O paciente (ou um cuidador, se necessário) deve inspecionar cuidadosamente toda a superfície dos pés, incluindo entre os dedos e as solas, diariamente. Procurar por cortes, bolhas, vermelhidão, inchaço, calos ou qualquer alteração na pele ou unhas. A detecção precoce permite intervenção antes que uma úlcera se desenvolva.
- Uso de calçados adequados: Calçados terapêuticos ou bem ajustados, com espaço suficiente para os dedos e sem costuras internas que possam causar atrito, são essenciais. Evitar andar descalço, mesmo dentro de casa. Verificar o interior dos sapatos antes de calçá-los para garantir que não haja objetos estranhos.
- Cuidados com a higiene: Lavar os pés diariamente com água morna (verificar a temperatura com o cotovelo ou termômetro) e sabão neutro. Secar bem, especialmente entre os dedos. Aplicar hidratante (exceto entre os dedos) para evitar ressecamento e fissuras.
- Cuidados com as unhas: Cortar as unhas retas, sem cortar os cantos, para evitar unhas encravadas. Lixar as bordas. Procurar um podólogo se houver dificuldade ou problemas nas unhas.
- Controle glicêmico: Manter um bom controle da glicemia ajuda a retardar a progressão da neuropatia e melhora a cicatrização.
- Avaliação regular por profissional de saúde: Exames anuais dos pés por um profissional de saúde para avaliar sensibilidade, circulação, deformidades e condição da pele.
Analisando as alternativas:
- A: Meias de compressão são usadas para insuficiência venosa, não rotineiramente para prevenção de pé diabético neuropático (podem ser contraindicadas se houver doença arterial).
- B: Antibióticos tópicos não previnem úlceras e seu uso indiscriminado pode levar à resistência bacteriana.
- C: Imersão prolongada e água quente devem ser evitadas, pois podem ressecar a pele e causar queimaduras (devido à neuropatia).
- D: Inspeção diária e calçados adequados são fundamentais.
- E: Atividade física regular é recomendada para controle do diabetes, desde que os pés estejam protegidos.
Qual é o objetivo principal da terapia compressiva na prevenção da recorrência de úlceras venosas?
Resposta correta: C
O objetivo principal da terapia compressiva na prevenção da recorrência de úlceras venosas é reduzir a hipertensão venosa e melhorar o retorno venoso.
Explicação:
As úlceras venosas são causadas por insuficiência venosa crônica, que leva à hipertensão venosa nos membros inferiores. Essa pressão elevada danifica os capilares, causa extravasamento de fluidos e células inflamatórias para o interstício, levando a edema, alterações cutâneas (dermatite ocre, lipodermatoesclerose) e, eventualmente, ulceração.
A terapia compressiva é a pedra angular tanto no tratamento quanto na prevenção da recorrência de úlceras venosas. Ela atua aplicando uma pressão externa graduada (maior no tornozelo e diminuindo proximalmente) que:
- Contrapõe a hipertensão venosa: Reduz a pressão hidrostática nas veias e capilares.
- Melhora o retorno venoso: Auxilia a bomba muscular da panturrilha a impulsionar o sangue de volta ao coração, diminuindo o refluxo e a estase venosa.
- Reduz o edema: Aumenta a pressão intersticial, favorecendo a reabsorção de fluidos para os capilares e linfáticos.
- Melhora a microcirculação: Reduz o extravasamento capilar e a inflamação.
Após a cicatrização de uma úlcera venosa, o risco de recorrência é muito alto se a causa subjacente (insuficiência venosa) não for controlada. O uso contínuo de terapia compressiva (geralmente meias de compressão elástica de alta pressão, 30-40 mmHg ou mais, dependendo da tolerância e gravidade) é a medida mais eficaz para prevenir a recorrência. Estudos mostram que a adesão à terapia compressiva reduz significativamente as taxas de recidiva.
Analisando as alternativas:
- A: A compressão não melhora a perfusão arterial; pelo contrário, pode piorá-la se houver doença arterial concomitante (por isso o ITB é importante).
- B: A compressão não elimina bactérias diretamente, embora possa ajudar a controlar a infecção ao reduzir o edema e melhorar a perfusão local.
- C: Este é o mecanismo principal de ação da terapia compressiva em úlceras venosas.
- D: A compressão não visa aumentar a temperatura da pele.
- E: Embora um ambiente úmido sob compressão possa favorecer o desbridamento autolítico, este não é o objetivo principal da terapia na prevenção.
Qual ângulo de inclinação da cabeceira da cama é recomendado para minimizar o risco de cisalhamento em pacientes acamados?
Resposta correta: B
Um ângulo de inclinação da cabeceira de 30 graus ou menos é recomendado para minimizar o risco de cisalhamento.
Explicação:
Além da pressão direta, as forças de cisalhamento e fricção são fatores importantes no desenvolvimento de lesões por pressão.
- Fricção: Ocorre quando a pele esfrega contra uma superfície (ex: lençol), causando abrasão superficial.
- Cisalhamento: Ocorre quando camadas de tecido deslizam umas sobre as outras. Quando a cabeceira da cama é elevada, a gravidade puxa o esqueleto do paciente para baixo, enquanto a pele permanece em contato com o lençol. Isso causa estiramento e distorção dos tecidos moles e vasos sanguíneos sobre as proeminências ósseas (especialmente o sacro e os ísquios), comprometendo a perfusão tecidual e aumentando o risco de LPP, mesmo com pressões de interface relativamente baixas.
Elevar a cabeceira da cama aumenta significativamente as forças de cisalhamento na região sacral. Estudos biomecânicos e diretrizes clínicas recomendam limitar a elevação da cabeceira para minimizar esse risco:
- Ângulo de 30 graus ou menos: As diretrizes do NPIAP/EPUAP/PPPIA recomendam manter a cabeceira da cama no menor grau de elevação consistente com a condição médica do paciente e outras restrições (ex: alimentação, problemas respiratórios). Um ângulo de 30 graus é frequentemente citado como um limite superior para minimizar o cisalhamento na região sacral.
- Posição de Fowler baixa (15-30 graus): É preferível à posição de Fowler alta (60-90 graus) ou semi-Fowler (30-45 graus) quando possível.
- Posição de decúbito lateral a 30 graus: Ao posicionar o paciente em decúbito lateral, usar um ângulo de 30 graus (em vez de 90 graus) ajuda a evitar pressão direta sobre o trocânter.
- Elevação dos pés: Elevar ligeiramente os pés da cama pode ajudar a contrabalançar a força da gravidade e reduzir o deslizamento para baixo quando a cabeceira está elevada.
Portanto, manter a elevação da cabeceira em 30 graus ou menos é uma estratégia importante para prevenir LPP relacionadas ao cisalhamento, sempre considerando as necessidades clínicas individuais do paciente.
Qual das seguintes ações NÃO é recomendada para a prevenção de lesões por fricção?
Resposta correta: D
Arrastar o paciente sobre a superfície da cama durante o reposicionamento NÃO é recomendado, pois aumenta a fricção.
Explicação:
A fricção é a força que resiste ao movimento quando duas superfícies deslizam uma sobre a outra. Na pele, a fricção pode causar abrasão da epiderme, tornando-a mais vulnerável a danos e infecções. Lesões por fricção geralmente ocorrem em áreas como cotovelos e calcanhares quando estes são esfregados contra os lençóis durante a movimentação.
Medidas para prevenir lesões por fricção incluem:
- Minimizar o atrito entre a pele e as superfícies:
- Usar lençóis macios, limpos e secos. Evitar dobras ou rugas nos lençóis.
- Aplicar hidratantes para manter a pele bem hidratada e flexível, reduzindo o coeficiente de atrito.
- Aplicar filmes transparentes ou curativos finos (como hidrocoloides) sobre áreas de alto risco (ex: calcanhares, cotovelos) para criar uma interface de baixo atrito entre a pele e a superfície externa.
- Técnicas adequadas de mobilização e transferência:
- NÃO arrastar o paciente: Arrastar o paciente sobre a cama ou cadeira aumenta significativamente a fricção e o cisalhamento.
- Levantar, não arrastar: Utilizar técnicas que levantem o paciente da superfície durante o reposicionamento.
- Usar dispositivos de auxílio: Lençóis de transferência, pranchas deslizantes, elevadores mecânicos e outros dispositivos ajudam a reduzir a fricção durante a mobilização.
- Ensinar o paciente (se capaz) a usar trapézios ou apoios para se levantar ligeiramente durante o reposicionamento.
Portanto, arrastar o paciente é uma prática que deve ser evitada a todo custo para prevenir lesões por fricção e cisalhamento.
Qual é a importância da avaliação regular da pele na prevenção de feridas?
Resposta correta: C
A avaliação regular da pele é importante para identificar precocemente sinais de risco ou danos iniciais na pele.
Explicação:
A avaliação sistemática e regular da pele é um componente fundamental de qualquer programa de prevenção de feridas, especialmente lesões por pressão e MASD. Seus principais objetivos são:
- Identificar fatores de risco individuais: Avaliar características da pele que aumentam a vulnerabilidade, como pele seca, fina, edemaciada, com lesões prévias, ou exposta à umidade.
- Detectar danos precoces: Identificar os primeiros sinais de lesão por pressão (ex: eritema não branqueável - LPP estágio 1) ou MASD (ex: eritema, maceração) antes que progridam para estágios mais graves. A detecção precoce permite a implementação imediata de intervenções preventivas ou terapêuticas.
- Monitorar áreas de risco: Avaliar regularmente as proeminências ósseas (sacro, calcâneos, trocânteres, cotovelos, etc.) e áreas expostas à umidade (região perineal, dobras cutâneas).
- Avaliar a eficácia das intervenções preventivas: Verificar se as medidas implementadas (ex: reposicionamento, superfícies de suporte, cuidados com a pele) estão sendo eficazes em manter a integridade da pele.
- Documentar o estado da pele: Manter um registro preciso da condição da pele ao longo do tempo para monitorar mudanças e facilitar a comunicação.
A frequência da avaliação da pele deve ser baseada no nível de risco do paciente e no ambiente de cuidado:
- Admissão: Uma avaliação completa da pele deve ser realizada na admissão do paciente em qualquer serviço de saúde.
- Diariamente: Para pacientes em risco, a avaliação da pele deve ser realizada pelo menos uma vez ao dia.
- Mais frequente: Pacientes de alto risco ou com alterações agudas na condição podem necessitar de avaliações mais frequentes (ex: a cada turno ou a cada reposicionamento).
A avaliação deve ser sistemática, incluindo inspeção visual (cor, integridade, presença de lesões, umidade) e palpação (temperatura, turgor, edema, dor). Uma boa iluminação é essencial.
Portanto, a avaliação regular da pele não é apenas para documentar feridas existentes (A), mas é uma ferramenta proativa crucial para a prevenção, permitindo a identificação precoce de riscos e danos (C).
Qual das seguintes opções descreve corretamente o conceito de "offloading" na prevenção de úlceras de pé diabético?
Resposta correta: C
"Offloading" refere-se à redução da pressão sobre áreas de risco ou úlceras existentes no pé.
Explicação:
O termo "offloading" (literalmente, "descarregar" ou "aliviar a carga") é um conceito fundamental no tratamento e prevenção de úlceras de pé diabético, especialmente aquelas localizadas na planta do pé (úlceras plantares).
Em pacientes com diabetes, a combinação de neuropatia (perda de sensibilidade) e deformidades nos pés (como pé de Charcot, dedos em garra, proeminência das cabeças dos metatarsos) pode levar a áreas de alta pressão plantar durante a caminhada. Como o paciente não sente dor, essa pressão repetitiva pode causar trauma tecidual e levar à formação de úlceras.
O offloading visa redistribuir ou eliminar a pressão sobre essas áreas vulneráveis ou sobre úlceras já existentes, permitindo a cicatrização e prevenindo novas lesões. É considerado um dos pilares do tratamento da úlcera plantar diabética.
Existem várias estratégias de offloading, com diferentes níveis de eficácia:
- Repouso no leito ou cadeira de rodas:** Elimina completamente a pressão, mas é impraticável a longo prazo e tem efeitos adversos (descondicionamento, risco de trombose).
- Muletas ou andadores:** Reduzem parcialmente a carga, mas exigem força e equilíbrio do paciente e a adesão pode ser baixa.
- Calçados terapêuticos e palmilhas personalizadas:** Redistribuem a pressão plantar, mas podem não ser suficientes para úlceras ativas. São importantes na prevenção secundária (após cicatrização).
- Dispositivos removíveis de alívio de pressão (Removable Cast Walkers - RCW):** Botas que podem ser removidas pelo paciente. A eficácia depende da adesão do paciente ao uso.
- Dispositivos não removíveis (Irremovable Devices):**
- Gesso de Contato Total (Total Contact Cast - TCC): Considerado o padrão-ouro para offloading de úlceras plantares neuropáticas não infectadas. É um gesso moldado ao pé e perna que distribui a pressão uniformemente por toda a superfície plantar e limita a mobilidade do tornozelo. Por não ser removível pelo paciente, garante adesão máxima.
- Botas de gesso ou RCW tornados não removíveis:** Alternativas ao TCC.
Portanto, offloading é especificamente a estratégia de reduzir a pressão mecânica sobre o pé (C). As outras opções são componentes importantes do manejo do pé diabético (controle glicêmico, desbridamento, tratamento de infecção, curativos), mas não definem o conceito de offloading.