Questões sobre Avaliação de Feridas
Teste seus conhecimentos sobre métodos e parâmetros de avaliação de feridas.
A resposta correta é a alternativa C: M - Maceração das bordas.
O método TIME é uma estrutura conceitual para a avaliação e manejo de feridas crônicas, desenvolvido pela Sociedade Europeia de Manejo de Feridas (EWMA). O acrônimo TIME representa:
- T - Tissue (Tecido): Avaliação do tecido não viável ou deficiente que precisa ser removido
- I - Infection/Inflammation (Infecção/Inflamação): Avaliação da presença de infecção ou inflamação prolongada
- M - Moisture imbalance (Desequilíbrio da umidade): Avaliação do excesso ou deficiência de umidade no leito da ferida
- E - Edge of wound (Borda da ferida): Avaliação das bordas e da epitelização da ferida
A "Maceração das bordas" não é um componente específico do acrônimo TIME, embora a maceração possa ser avaliada dentro do componente "M" (Desequilíbrio da umidade) ou "E" (Borda da ferida). A maceração é uma consequência do excesso de umidade que afeta as bordas da ferida, causando amolecimento e deterioração do tecido.
O método TIME é uma ferramenta sistemática que orienta o profissional a identificar as barreiras à cicatrização e a implementar intervenções apropriadas para cada componente, visando criar um ambiente favorável à cicatrização.
A resposta correta é a alternativa B: Escala PUSH (Pressure Ulcer Scale for Healing).
A Escala PUSH (Pressure Ulcer Scale for Healing) foi desenvolvida pelo NPUAP (National Pressure Ulcer Advisory Panel) como um instrumento específico para monitorar a cicatrização de lesões por pressão. A escala avalia três parâmetros principais:
- Área da ferida (comprimento x largura): Pontuação de 0 a 10
- Quantidade de exsudato: Pontuação de 0 (ausente) a 3 (abundante)
- Tipo de tecido predominante: Pontuação de 0 (tecido cicatrizado) a 4 (tecido necrótico)
A soma desses três parâmetros resulta em um escore total que varia de 0 a 17, onde 0 representa uma ferida cicatrizada e 17 representa uma ferida em pior condição. A aplicação seriada da escala PUSH permite monitorar objetivamente a evolução da cicatrização ao longo do tempo.
As outras escalas mencionadas têm finalidades diferentes:
- Escala de Braden: Avalia o risco de desenvolvimento de lesões por pressão, não a cicatrização
- Escala de Wagner: Classifica úlceras do pé diabético em graus de 0 a 5
- Escala RESVECH 2.0: Avalia a cicatrização de feridas crônicas em geral, não apenas lesões por pressão
- Escala de Norton: Avalia o risco de desenvolvimento de lesões por pressão, semelhante à Escala de Braden
A resposta correta é a alternativa B: Traçado em acetato transparente e contagem de quadrículas.
Para feridas com formato irregular, o método de traçado em acetato transparente (também chamado de planimetria) oferece a medição mais precisa da área. Este método envolve:
- Colocar uma folha de acetato transparente estéril sobre a ferida
- Traçar o contorno exato da ferida com caneta de ponta fina
- Sobrepor o traçado a um papel milimetrado ou quadriculado
- Contar as quadrículas completas e parciais dentro do contorno
- Calcular a área total com base no tamanho conhecido de cada quadrícula
Este método captura com precisão o formato irregular da ferida, ao contrário dos outros métodos que fazem aproximações geométricas ou simplificações.
Comparação com os outros métodos:
- Régua simples (comprimento x largura): Superestima a área, pois assume que a ferida é retangular
- Estimativa visual: Altamente subjetiva e imprecisa
- Fórmula da elipse: Mais precisa que o retângulo para feridas ovais, mas ainda inadequada para formas muito irregulares
- Medição apenas do maior diâmetro: Fornece informação muito limitada sobre o tamanho real da ferida
Atualmente, existem também aplicativos e softwares de fotografia digital que podem calcular a área de feridas a partir de imagens calibradas, oferecendo precisão comparável ou superior ao método de acetato, com a vantagem adicional de documentação digital.
A resposta correta é a alternativa E: Aumento da temperatura local (Temperature increased).
O acrônimo STONEES foi desenvolvido para identificar sinais de infecção profunda em feridas crônicas, complementando o acrônimo NERDS que identifica sinais de infecção superficial. STONEES representa:
- S - Size increasing (Aumento do tamanho): A ferida aumenta de tamanho em vez de diminuir
- T - Temperature increased (Aumento da temperatura): Calor perceptível na área da ferida e tecidos circundantes
- O - Os (osso) exposed/probing to bone (Osso exposto/sondagem até o osso): Exposição óssea ou capacidade de sondar até o osso
- N - New or satellite areas of breakdown (Novas áreas de lesão ou lesões satélites): Surgimento de novas áreas de ruptura da pele próximas à ferida original
- E - Exudate increasing (Aumento do exsudato): Aumento significativo na quantidade de exsudato
- E - Erythema/Edema (Eritema/Edema): Vermelhidão e inchaço que se estendem além das bordas da ferida
- S - Smell (Odor): Odor fétido persistente, mesmo após a limpeza
O aumento da temperatura local (T) é um sinal clássico de inflamação e infecção, indicando aumento do fluxo sanguíneo e atividade metabólica na área afetada. É um dos sinais cardinais de infecção profunda, junto com eritema, edema, dor e perda de função.
Embora o odor fétido (S) e a não cicatrização (S - Stalled wound) também façam parte do acrônimo STONEES, o aumento da temperatura é um sinal mais específico e objetivo de infecção profunda. O exsudato seroso não faz parte do acrônimo, e o tecido de granulação friável está mais associado ao acrônimo NERDS para infecção superficial.
A resposta correta é a alternativa C: Estágio 3.
De acordo com o sistema de classificação do National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP), atualizado em 2016, uma lesão por pressão Estágio 3 é caracterizada por:
- Perda total da espessura da pele (epiderme e derme)
- Tecido adiposo (gordura) visível
- Ausência de exposição de fáscia, músculo, tendão, cartilagem ou osso
- Pode apresentar tecido de granulação, esfacelo ou escara
- Pode incluir descolamento e túneis
- A profundidade varia conforme a localização anatômica (áreas com mais tecido adiposo podem desenvolver lesões mais profundas)
As outras classificações correspondem a:
- Estágio 1: Pele íntegra com área localizada de eritema não branqueável
- Estágio 2: Perda parcial da espessura da pele com exposição da derme, sem tecido adiposo visível
- Estágio 4: Perda total da espessura da pele e perda tissular com exposição de fáscia, músculo, tendão, cartilagem ou osso
- Lesão tissular profunda: Área localizada de pele intacta ou não, de coloração vermelho-escura, marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece, ou separação epidérmica que mostra lesão com leito escurecido ou bolha com exsudato sanguinolento
É importante notar que a classificação por estágios só deve ser utilizada para lesões por pressão e não para outros tipos de feridas. Além disso, uma lesão por pressão não deve ser "rebaixada" de estágio à medida que cicatriza (por exemplo, uma lesão Estágio 4 não se torna Estágio 3 durante a cicatrização).
A resposta correta é a alternativa B: Swab estéril ou sonda de medição.
Para medir a profundidade de feridas cavitárias (feridas com espaços mortos, túneis ou descolamentos), o método mais adequado é a utilização de um swab estéril ou uma sonda de medição. Este método envolve:
- Inserir cuidadosamente o swab ou a sonda no ponto mais profundo da ferida
- Marcar o nível da superfície da pele no swab/sonda
- Retirar o swab/sonda e medir a distância da ponta até a marca com uma régua
- Registrar a medida em centímetros
Este método permite acessar áreas profundas e cavidades que não são visíveis na superfície, fornecendo uma medida mais precisa da profundidade real da ferida.
Comparação com os outros métodos:
- Régua de papel descartável: Útil para medir comprimento e largura na superfície, mas inadequada para medir profundidade de cavidades
- Estimativa visual: Altamente subjetiva e imprecisa, especialmente para cavidades não visíveis
- Fotografia digital com escala: Útil para documentar a aparência superficial da ferida, mas não permite visualizar ou medir adequadamente espaços internos
- Medição do volume de exsudato: Não mede a profundidade da ferida, apenas a quantidade de exsudato produzido
Para feridas com túneis ou descolamentos, além de medir a profundidade, é importante registrar a direção (usando a analogia do relógio, onde 12h é em direção à cabeça do paciente) e a extensão de cada túnel ou descolamento.
A resposta correta é a alternativa D: Temperatura corporal.
A Escala de Braden é uma ferramenta validada para avaliação do risco de desenvolvimento de lesões por pressão. Ela avalia seis parâmetros, cada um pontuado de 1 a 4 (exceto fricção e cisalhamento, que vai de 1 a 3), onde pontuações mais baixas indicam maior risco. Os parâmetros avaliados são:
- Percepção sensorial: Capacidade de responder significativamente ao desconforto relacionado à pressão
- Umidade: Grau de exposição da pele à umidade
- Atividade: Grau de atividade física
- Mobilidade: Capacidade de mudar e controlar a posição do corpo
- Nutrição: Padrão usual de consumo alimentar
- Fricção e cisalhamento: Problema ou potencial problema
A temperatura corporal não é um parâmetro avaliado na Escala de Braden, embora seja um fator que pode influenciar o risco de lesões por pressão, pois o aumento da temperatura corporal aumenta o metabolismo celular e a demanda de oxigênio, potencializando os efeitos deletérios da pressão sobre os tecidos.
A pontuação total da Escala de Braden varia de 6 a 23 pontos, com a seguinte interpretação de risco:
- ≤ 9: Risco muito alto
- 10-12: Risco alto
- 13-14: Risco moderado
- 15-18: Risco baixo
- 19-23: Sem risco
A Escala de Braden é uma das ferramentas mais utilizadas mundialmente para avaliação de risco de lesões por pressão, orientando a implementação de medidas preventivas individualizadas.
A resposta correta é a alternativa A: Índice Tornozelo-Braquial (ITB).
O Índice Tornozelo-Braquial (ITB) é um método não invasivo, objetivo e confiável para avaliar a perfusão arterial dos membros inferiores e diagnosticar doença arterial periférica (DAP). O procedimento envolve:
- Medir a pressão arterial sistólica em ambos os braços (artérias braquiais)
- Medir a pressão arterial sistólica em ambos os tornozelos (artérias tibiais posteriores e dorsais do pé)
- Calcular o ITB dividindo o valor mais alto da pressão sistólica do tornozelo pelo valor mais alto da pressão sistólica braquial
Interpretação dos valores de ITB:
- > 1,30: Artérias incompressíveis (calcificação arterial, comum em diabéticos)
- 1,00-1,30: Normal
- 0,91-0,99: Limítrofe
- 0,71-0,90: DAP leve a moderada
- 0,41-0,70: DAP moderada a grave
- ≤ 0,40: DAP grave (isquemia crítica)
Os outros métodos mencionados não são adequados para avaliar a perfusão arterial:
- Teste de sensibilidade com monofilamento: Avalia a neuropatia periférica, não a perfusão arterial
- Teste de elevação da perna a 30°: Pode fornecer informações sobre a gravidade da isquemia (palidez ao elevar o membro), mas é subjetivo e menos preciso que o ITB
- Avaliação do edema com sinal de Godet: Avalia a presença e gravidade do edema, geralmente associado a problemas venosos ou linfáticos, não arteriais
- Teste de compressão digital das veias: Avalia o sistema venoso, não o arterial
O ITB é considerado o "padrão-ouro" não invasivo para o diagnóstico de DAP e é recomendado como parte da avaliação de pacientes com úlceras de membros inferiores para determinar a etiologia e orientar o tratamento adequado.
A resposta correta é a alternativa D: Exsudato purulento esverdeado com odor fétido.
O exsudato purulento esverdeado com odor fétido é um forte indicador de infecção em feridas. Características do exsudato que sugerem infecção incluem:
- Aspecto purulento: Espesso, opaco, de coloração amarelada, esverdeada ou acastanhada
- Odor fétido: Cheiro desagradável que persiste mesmo após a limpeza da ferida
- Aumento súbito na quantidade: Incremento significativo no volume de exsudato
- Mudança na coloração: Alteração da cor habitual para tons esverdeados, acastanhados ou acinzentados
A coloração esverdeada do exsudato frequentemente indica infecção por Pseudomonas aeruginosa, enquanto o odor fétido pode estar associado a bactérias anaeróbias como Bacteroides ou Clostridium.
Os outros tipos de exsudato mencionados geralmente não indicam infecção:
- Exsudato seroso transparente: Composto principalmente por plasma, é claro e aquoso, típico da fase inflamatória normal da cicatrização
- Exsudato sanguinolento vermelho brilhante: Contém grande quantidade de hemácias, pode indicar trauma recente ou tecido de granulação friável, mas não necessariamente infecção
- Exsudato serossanguinolento rosado: Mistura de seroso e sanguinolento, comum em feridas em fase de granulação
- Exsudato seroso em pequena quantidade: Normal em feridas em fase de cicatrização
A avaliação do exsudato deve considerar não apenas sua aparência, mas também quantidade, consistência, odor e mudanças ao longo do tempo. Alterações significativas nas características do exsudato devem sempre ser investigadas, pois podem indicar complicações como infecção ou deterioração da ferida.
A resposta correta é a alternativa E: Classificação SINBAD.
A classificação SINBAD (Site, Ischemia, Neuropathy, Bacterial Infection, Area, Depth) é um sistema de pontuação para úlceras do pé diabético que considera seis categorias, incluindo profundidade, presença de infecção e presença de isquemia. Cada categoria recebe uma pontuação de 0 ou 1, resultando em um escore total de 0 a 6, onde pontuações mais altas indicam maior gravidade e pior prognóstico.
As categorias avaliadas no SINBAD são:
- S - Site (Localização): Antepé (0) ou médio/retropé (1)
- I - Ischemia (Isquemia): Pulsos palpáveis (0) ou evidência clínica de isquemia (1)
- N - Neuropathy (Neuropatia): Sensibilidade protetora presente (0) ou ausente (1)
- B - Bacterial Infection (Infecção Bacteriana): Ausente (0) ou presente (1)
- A - Area (Área): Úlcera < 1 cm² (0) ou ≥ 1 cm² (1)
- D - Depth (Profundidade): Úlcera limitada à pele e tecido subcutâneo (0) ou envolvendo músculo, tendão ou mais profundo (1)
Comparação com os outros sistemas mencionados:
- Classificação de Wagner: Classifica úlceras do pé diabético em graus de 0 a 5 com base na profundidade da úlcera e presença de gangrena, mas não considera especificamente isquemia e infecção como categorias separadas
- Escala PUSH: Avalia a cicatrização de lesões por pressão, não específica para úlceras do pé diabético
- Classificação CEAP: Sistema para classificar doenças venosas crônicas, não aplicável a úlceras do pé diabético
- Classificação de Fontaine: Classifica a gravidade da doença arterial periférica, não específica para úlceras do pé diabético
A classificação SINBAD tem a vantagem de ser simples, objetiva e incluir os principais fatores que afetam o prognóstico das úlceras do pé diabético, sendo útil tanto para a prática clínica quanto para pesquisas.