Questões sobre Patologia das Feridas
Teste seus conhecimentos sobre as causas, tipos e complicações das feridas.
A resposta correta é a alternativa B: Hipertensão venosa crônica.
As úlceras venosas são a complicação mais comum da insuficiência venosa crônica. A hipertensão venosa crônica, resultante da incompetência das válvulas venosas ou obstrução do fluxo venoso, leva ao extravasamento de fluidos e componentes sanguíneos para o interstício, causando edema, inflamação crônica (dermatite de estase) e, eventualmente, ulceração.
As outras alternativas descrevem causas de outros tipos de feridas:
- Insuficiência arterial: causa úlceras arteriais
- Neuropatia periférica: principal fator na formação de úlceras do pé diabético
- Pressão externa prolongada: causa lesões por pressão
- Infecção bacteriana primária: pode causar feridas, mas não é a causa primária das úlceras venosas
A resposta correta é a alternativa C: Dor intensa que piora com a elevação do membro.
As úlceras arteriais são causadas por insuficiência arterial, resultando em isquemia tecidual. Características típicas incluem:
- Dor intensa, frequentemente descrita como queimação ou cãibra, que piora com a elevação do membro (pois diminui ainda mais o fluxo sanguíneo) e melhora com a posição pendente
- Localização comum em extremidades distais (dedos, maléolo lateral, áreas de proeminência óssea)
- Bordas bem definidas, "em saca-bocado"
- Leito da ferida pálido, necrótico ou com pouca granulação
- Exsudato escasso
- Pele perilesional fria, pálida, brilhante, sem pelos
- Pulsos periféricos diminuídos ou ausentes
As outras alternativas descrevem características de úlceras venosas (A, B, E) ou são incompatíveis com úlceras arteriais (D).
A resposta correta é a alternativa C: Imobilidade.
A imobilidade é o principal fator de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão (anteriormente conhecidas como úlceras por pressão). A pressão prolongada e não aliviada sobre uma área do corpo, especialmente sobre proeminências ósseas, causa isquemia tecidual e necrose, levando à formação da lesão.
Embora os outros fatores mencionados também sejam fatores de risco importantes que contribuem para a suscetibilidade do tecido à lesão por pressão, a imobilidade é o fator causal primário, pois impede o alívio da pressão:
- Desnutrição: compromete a integridade da pele e a capacidade de cicatrização
- Idade avançada: associada a alterações na pele e comorbidades
- Incontinência: aumenta a umidade e maceração da pele, tornando-a mais frágil
- Doença vascular periférica: compromete a perfusão tecidual
No entanto, sem a pressão prolongada causada pela imobilidade, esses outros fatores isoladamente não causariam lesões por pressão.
A resposta correta é a alternativa D: Presença de tecido de granulação vermelho vivo.
A presença de tecido de granulação vermelho vivo e brilhante é um sinal de cicatrização saudável, indicando boa vascularização e proliferação celular. Não é um sinal de infecção.
Os sinais clássicos de infecção em feridas (muitas vezes lembrados pelo acrônimo NERDS para infecção superficial e STONEES para infecção profunda) incluem:
- Aumento da dor na ferida (A)
- Eritema perilesional (B)
- Edema localizado (C)
- Calor local
- Exsudato purulento (E) ou aumento do exsudato
- Odor fétido
- Retardo na cicatrização
- Tecido de granulação friável, que sangra facilmente, ou de coloração escura/acinzentada
- Febre (em infecções mais graves)
A resposta correta é a alternativa B: Uma comunidade organizada de microrganismos aderida à superfície da ferida, envolta em uma matriz polimérica.
Biofilmes são comunidades complexas de bactérias e/ou fungos que se aderem a superfícies (como o leito de uma ferida) e produzem uma matriz extracelular polimérica (geralmente composta por polissacarídeos, proteínas e DNA extracelular). Esta matriz protege os microrganismos contra:
- Ação do sistema imunológico do hospedeiro
- Antibióticos e antissépticos
- Dessecação e outros estresses ambientais
Os biofilmes são uma causa importante de retardo na cicatrização de feridas crônicas, pois mantêm um estado inflamatório crônico e impedem a ação de terapias antimicrobianas convencionais. O tratamento de feridas com biofilme geralmente requer desbridamento rigoroso e uso de agentes antibiofilme.
A resposta correta é a alternativa D: Formação de uma cicatriz elevada que permanece dentro dos limites da ferida original.
A cicatrização hipertrófica é uma complicação caracterizada pela produção excessiva de colágeno durante o processo de cicatrização, resultando em uma cicatriz elevada, espessa e frequentemente avermelhada. A principal característica que a distingue do queloide é que a cicatriz hipertrófica permanece confinada aos limites da ferida original.
Características da cicatriz hipertrófica:
- Elevada, firme, pode causar prurido ou dor
- Permanece dentro dos limites da lesão inicial
- Geralmente se desenvolve semanas após a lesão
- Pode regredir espontaneamente ao longo do tempo (meses a anos)
- Comum em áreas de tensão da pele, como tórax, ombros e pescoço
A alternativa A descreve um queloide, que é uma cicatriz que cresce além dos limites da ferida original. As alternativas B, C e E descrevem outras complicações da cicatrização.
A resposta correta é a alternativa C: Deiscência.
Deiscência é o termo médico utilizado para descrever a separação parcial ou total das bordas de uma ferida previamente suturada ou fechada. É uma complicação pós-operatória que pode ocorrer devido a fatores como infecção, tensão excessiva na sutura, má técnica cirúrgica, ou condições do paciente que prejudicam a cicatrização (como diabetes, desnutrição, obesidade).
Os outros termos referem-se a condições diferentes:
- Evisceração: é a protrusão de órgãos internos através de uma ferida deiscente, geralmente abdominal. É uma emergência cirúrgica.
- Contratura: é o encurtamento excessivo do tecido cicatricial, que pode levar a deformidades e limitação de movimento, especialmente em articulações ou áreas de queimadura.
- Fístula: é uma conexão anormal entre dois órgãos ou entre um órgão e a superfície do corpo.
- Maceração: é o amolecimento e clareamento da pele devido à exposição prolongada à umidade (exsudato, urina, etc.).
A resposta correta é a alternativa D: Necrose de liquefação (ou coliquativa).
A necrose de liquefação é um tipo de morte celular em que o tecido necrótico é digerido por enzimas hidrolíticas, resultando em uma massa viscosa e liquefeita. É caracteristicamente encontrada em:
- Infecções bacterianas ou fúngicas, onde as enzimas liberadas pelos leucócitos e pelos próprios microrganismos causam a liquefação do tecido (formando pus)
- Lesões isquêmicas no sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal)
No contexto de feridas, a necrose de liquefação geralmente se apresenta como esfacelo, um tecido amolecido, úmido, de coloração amarelada, esverdeada ou acinzentada, que precisa ser removido (desbridado) para permitir a cicatrização.
Os outros tipos de necrose têm aparências diferentes:
- Necrose de coagulação: tecido firme, pálido, mantém a arquitetura básica (comum em infartos de órgãos sólidos, exceto cérebro)
- Necrose caseosa: aspecto "queijo cottage", branco-amarelado, friável (típica da tuberculose)
- Necrose gordurosa: áreas branco-amareladas, calcificadas (comum na pancreatite aguda)
- Escara seca: tecido necrótico desidratado, duro, preto ou marrom escuro
A resposta correta é a alternativa D: A presença de sinais e sintomas clínicos de infecção e a resposta do hospedeiro.
O contínuo da presença bacteriana em feridas inclui contaminação, colonização, colonização crítica e infecção. A principal diferença entre colonização crítica e infecção reside na resposta do hospedeiro e na presença de sinais clínicos:
- Colonização: Presença de microrganismos na ferida sem causar resposta imune significativa ou sinais clínicos de infecção. A cicatrização não é afetada.
- Colonização Crítica: Um ponto intermediário onde a carga bacteriana aumenta e começa a afetar a cicatrização (retardo, tecido de granulação anormal, aumento do exsudato), mas sem os sinais clássicos de infecção (como eritema, calor, pus franco). O hospedeiro não consegue controlar a proliferação bacteriana, mas ainda não há invasão tecidual significativa.
- Infecção: Os microrganismos invadem os tecidos viáveis do hospedeiro, multiplicam-se e causam uma resposta inflamatória local e/ou sistêmica, com sinais e sintomas clínicos clássicos de infecção (dor, calor, rubor, edema, exsudato purulento, odor, febre, etc.).
Portanto, a distinção chave não é apenas a quantidade de bactérias (B), embora geralmente seja maior na infecção, mas sim a interação entre a carga bacteriana e a resposta do hospedeiro, manifestada clinicamente (D). A presença de biofilme (E) pode ocorrer tanto na colonização crítica quanto na infecção.
A resposta correta é a alternativa B: Tratamento de câncer com radioterapia.
Radiodermite é o termo usado para descrever as lesões cutâneas causadas pela exposição à radiação ionizante. A causa mais comum de radiodermite clinicamente significativa é a radioterapia utilizada no tratamento de diversos tipos de câncer.
A radiação ionizante danifica o DNA das células, prejudica a capacidade de proliferação celular e causa danos vasculares, levando a uma série de reações cutâneas que podem variar de eritema leve a necrose tecidual e ulceração crônica, dependendo da dose de radiação, do fracionamento, da área tratada e de fatores individuais do paciente.
As outras alternativas descrevem causas de outros tipos de lesões cutâneas:
- Exposição excessiva à luz solar: causa queimaduras solares (radiação UV, não ionizante) e aumenta o risco de câncer de pele
- Queimaduras térmicas: causadas por calor
- Reação alérgica a medicamentos: pode causar diversas erupções cutâneas (urticária, exantema, etc.)
- Infecção por herpes zoster: causa lesões vesiculares dolorosas ao longo de um dermátomo