Questão 1 de 10
Qual é a principal causa das úlceras venosas?
A
Insuficiência arterial
B
Hipertensão venosa crônica
C
Neuropatia periférica
D
Pressão externa prolongada
E
Infecção bacteriana primária
Explicação

A resposta correta é a alternativa B: Hipertensão venosa crônica.

As úlceras venosas são a complicação mais comum da insuficiência venosa crônica. A hipertensão venosa crônica, resultante da incompetência das válvulas venosas ou obstrução do fluxo venoso, leva ao extravasamento de fluidos e componentes sanguíneos para o interstício, causando edema, inflamação crônica (dermatite de estase) e, eventualmente, ulceração.

As outras alternativas descrevem causas de outros tipos de feridas:

  • Insuficiência arterial: causa úlceras arteriais
  • Neuropatia periférica: principal fator na formação de úlceras do pé diabético
  • Pressão externa prolongada: causa lesões por pressão
  • Infecção bacteriana primária: pode causar feridas, mas não é a causa primária das úlceras venosas
Questão 2 de 10
Qual das seguintes características é mais típica de uma úlcera arterial?
A
Localização na área do maléolo medial
B
Bordas irregulares e exsudato abundante
C
Dor intensa que piora com a elevação do membro
D
Presença de pulsos periféricos normais
E
Pele perilesional com hiperpigmentação e edema
Explicação

A resposta correta é a alternativa C: Dor intensa que piora com a elevação do membro.

As úlceras arteriais são causadas por insuficiência arterial, resultando em isquemia tecidual. Características típicas incluem:

  • Dor intensa, frequentemente descrita como queimação ou cãibra, que piora com a elevação do membro (pois diminui ainda mais o fluxo sanguíneo) e melhora com a posição pendente
  • Localização comum em extremidades distais (dedos, maléolo lateral, áreas de proeminência óssea)
  • Bordas bem definidas, "em saca-bocado"
  • Leito da ferida pálido, necrótico ou com pouca granulação
  • Exsudato escasso
  • Pele perilesional fria, pálida, brilhante, sem pelos
  • Pulsos periféricos diminuídos ou ausentes

As outras alternativas descrevem características de úlceras venosas (A, B, E) ou são incompatíveis com úlceras arteriais (D).

Questão 3 de 10
Qual é o principal fator de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão?
A
Desnutrição
B
Idade avançada
C
Imobilidade
D
Incontinência urinária e fecal
E
Doença vascular periférica
Explicação

A resposta correta é a alternativa C: Imobilidade.

A imobilidade é o principal fator de risco para o desenvolvimento de lesões por pressão (anteriormente conhecidas como úlceras por pressão). A pressão prolongada e não aliviada sobre uma área do corpo, especialmente sobre proeminências ósseas, causa isquemia tecidual e necrose, levando à formação da lesão.

Embora os outros fatores mencionados também sejam fatores de risco importantes que contribuem para a suscetibilidade do tecido à lesão por pressão, a imobilidade é o fator causal primário, pois impede o alívio da pressão:

  • Desnutrição: compromete a integridade da pele e a capacidade de cicatrização
  • Idade avançada: associada a alterações na pele e comorbidades
  • Incontinência: aumenta a umidade e maceração da pele, tornando-a mais frágil
  • Doença vascular periférica: compromete a perfusão tecidual

No entanto, sem a pressão prolongada causada pela imobilidade, esses outros fatores isoladamente não causariam lesões por pressão.

Questão 4 de 10
Qual dos seguintes sinais NÃO é considerado um sinal clássico de infecção em feridas?
A
Aumento da dor na ferida
B
Eritema (vermelhidão) perilesional
C
Edema (inchaço) localizado
D
Presença de tecido de granulação vermelho vivo
E
Exsudato purulento
Explicação

A resposta correta é a alternativa D: Presença de tecido de granulação vermelho vivo.

A presença de tecido de granulação vermelho vivo e brilhante é um sinal de cicatrização saudável, indicando boa vascularização e proliferação celular. Não é um sinal de infecção.

Os sinais clássicos de infecção em feridas (muitas vezes lembrados pelo acrônimo NERDS para infecção superficial e STONEES para infecção profunda) incluem:

  • Aumento da dor na ferida (A)
  • Eritema perilesional (B)
  • Edema localizado (C)
  • Calor local
  • Exsudato purulento (E) ou aumento do exsudato
  • Odor fétido
  • Retardo na cicatrização
  • Tecido de granulação friável, que sangra facilmente, ou de coloração escura/acinzentada
  • Febre (em infecções mais graves)
Questão 5 de 10
O que é um biofilme em uma ferida crônica?
A
Uma camada de tecido necrótico seco
B
Uma comunidade organizada de microrganismos aderida à superfície da ferida, envolta em uma matriz polimérica
C
Um tipo de curativo biológico
D
Uma reação alérgica ao material do curativo
E
Acúmulo de exsudato seroso na ferida
Explicação

A resposta correta é a alternativa B: Uma comunidade organizada de microrganismos aderida à superfície da ferida, envolta em uma matriz polimérica.

Biofilmes são comunidades complexas de bactérias e/ou fungos que se aderem a superfícies (como o leito de uma ferida) e produzem uma matriz extracelular polimérica (geralmente composta por polissacarídeos, proteínas e DNA extracelular). Esta matriz protege os microrganismos contra:

  • Ação do sistema imunológico do hospedeiro
  • Antibióticos e antissépticos
  • Dessecação e outros estresses ambientais

Os biofilmes são uma causa importante de retardo na cicatrização de feridas crônicas, pois mantêm um estado inflamatório crônico e impedem a ação de terapias antimicrobianas convencionais. O tratamento de feridas com biofilme geralmente requer desbridamento rigoroso e uso de agentes antibiofilme.

Questão 6 de 10
Qual é a principal complicação associada à cicatrização hipertrófica?
A
Formação de uma cicatriz elevada que ultrapassa os limites da ferida original
B
Formação de uma cicatriz deprimida e atrófica
C
Deiscência completa da ferida
D
Formação de uma cicatriz elevada que permanece dentro dos limites da ferida original
E
Infecção crônica da cicatriz
Explicação

A resposta correta é a alternativa D: Formação de uma cicatriz elevada que permanece dentro dos limites da ferida original.

A cicatrização hipertrófica é uma complicação caracterizada pela produção excessiva de colágeno durante o processo de cicatrização, resultando em uma cicatriz elevada, espessa e frequentemente avermelhada. A principal característica que a distingue do queloide é que a cicatriz hipertrófica permanece confinada aos limites da ferida original.

Características da cicatriz hipertrófica:

  • Elevada, firme, pode causar prurido ou dor
  • Permanece dentro dos limites da lesão inicial
  • Geralmente se desenvolve semanas após a lesão
  • Pode regredir espontaneamente ao longo do tempo (meses a anos)
  • Comum em áreas de tensão da pele, como tórax, ombros e pescoço

A alternativa A descreve um queloide, que é uma cicatriz que cresce além dos limites da ferida original. As alternativas B, C e E descrevem outras complicações da cicatrização.

Questão 7 de 10
Qual o termo utilizado para descrever a separação das bordas de uma ferida cirúrgica?
A
Evisceração
B
Contratura
C
Deiscência
D
Fístula
E
Maceração
Explicação

A resposta correta é a alternativa C: Deiscência.

Deiscência é o termo médico utilizado para descrever a separação parcial ou total das bordas de uma ferida previamente suturada ou fechada. É uma complicação pós-operatória que pode ocorrer devido a fatores como infecção, tensão excessiva na sutura, má técnica cirúrgica, ou condições do paciente que prejudicam a cicatrização (como diabetes, desnutrição, obesidade).

Os outros termos referem-se a condições diferentes:

  • Evisceração: é a protrusão de órgãos internos através de uma ferida deiscente, geralmente abdominal. É uma emergência cirúrgica.
  • Contratura: é o encurtamento excessivo do tecido cicatricial, que pode levar a deformidades e limitação de movimento, especialmente em articulações ou áreas de queimadura.
  • Fístula: é uma conexão anormal entre dois órgãos ou entre um órgão e a superfície do corpo.
  • Maceração: é o amolecimento e clareamento da pele devido à exposição prolongada à umidade (exsudato, urina, etc.).
Questão 8 de 10
Qual tipo de necrose é caracterizado por tecido amolecido, liquefeito e de coloração amarelada ou esverdeada?
A
Necrose de coagulação
B
Necrose caseosa
C
Necrose gordurosa
D
Necrose de liquefação (ou coliquativa)
E
Escara seca
Explicação

A resposta correta é a alternativa D: Necrose de liquefação (ou coliquativa).

A necrose de liquefação é um tipo de morte celular em que o tecido necrótico é digerido por enzimas hidrolíticas, resultando em uma massa viscosa e liquefeita. É caracteristicamente encontrada em:

  • Infecções bacterianas ou fúngicas, onde as enzimas liberadas pelos leucócitos e pelos próprios microrganismos causam a liquefação do tecido (formando pus)
  • Lesões isquêmicas no sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal)

No contexto de feridas, a necrose de liquefação geralmente se apresenta como esfacelo, um tecido amolecido, úmido, de coloração amarelada, esverdeada ou acinzentada, que precisa ser removido (desbridado) para permitir a cicatrização.

Os outros tipos de necrose têm aparências diferentes:

  • Necrose de coagulação: tecido firme, pálido, mantém a arquitetura básica (comum em infartos de órgãos sólidos, exceto cérebro)
  • Necrose caseosa: aspecto "queijo cottage", branco-amarelado, friável (típica da tuberculose)
  • Necrose gordurosa: áreas branco-amareladas, calcificadas (comum na pancreatite aguda)
  • Escara seca: tecido necrótico desidratado, duro, preto ou marrom escuro
Questão 9 de 10
Qual a principal diferença entre colonização crítica e infecção em uma ferida?
A
O tipo de bactéria presente na ferida
B
A quantidade de bactérias presentes na ferida
C
A presença de resposta inflamatória sistêmica no hospedeiro
D
A presença de sinais e sintomas clínicos de infecção e a resposta do hospedeiro
E
A formação de biofilme na superfície da ferida
Explicação

A resposta correta é a alternativa D: A presença de sinais e sintomas clínicos de infecção e a resposta do hospedeiro.

O contínuo da presença bacteriana em feridas inclui contaminação, colonização, colonização crítica e infecção. A principal diferença entre colonização crítica e infecção reside na resposta do hospedeiro e na presença de sinais clínicos:

  • Colonização: Presença de microrganismos na ferida sem causar resposta imune significativa ou sinais clínicos de infecção. A cicatrização não é afetada.
  • Colonização Crítica: Um ponto intermediário onde a carga bacteriana aumenta e começa a afetar a cicatrização (retardo, tecido de granulação anormal, aumento do exsudato), mas sem os sinais clássicos de infecção (como eritema, calor, pus franco). O hospedeiro não consegue controlar a proliferação bacteriana, mas ainda não há invasão tecidual significativa.
  • Infecção: Os microrganismos invadem os tecidos viáveis do hospedeiro, multiplicam-se e causam uma resposta inflamatória local e/ou sistêmica, com sinais e sintomas clínicos clássicos de infecção (dor, calor, rubor, edema, exsudato purulento, odor, febre, etc.).

Portanto, a distinção chave não é apenas a quantidade de bactérias (B), embora geralmente seja maior na infecção, mas sim a interação entre a carga bacteriana e a resposta do hospedeiro, manifestada clinicamente (D). A presença de biofilme (E) pode ocorrer tanto na colonização crítica quanto na infecção.

Questão 10 de 10
Qual das seguintes condições é uma causa comum de feridas por radiação (radiodermite)?
A
Exposição excessiva à luz solar
B
Tratamento de câncer com radioterapia
C
Queimaduras térmicas
D
Reação alérgica a medicamentos
E
Infecção por herpes zoster
Explicação

A resposta correta é a alternativa B: Tratamento de câncer com radioterapia.

Radiodermite é o termo usado para descrever as lesões cutâneas causadas pela exposição à radiação ionizante. A causa mais comum de radiodermite clinicamente significativa é a radioterapia utilizada no tratamento de diversos tipos de câncer.

A radiação ionizante danifica o DNA das células, prejudica a capacidade de proliferação celular e causa danos vasculares, levando a uma série de reações cutâneas que podem variar de eritema leve a necrose tecidual e ulceração crônica, dependendo da dose de radiação, do fracionamento, da área tratada e de fatores individuais do paciente.

As outras alternativas descrevem causas de outros tipos de lesões cutâneas:

  • Exposição excessiva à luz solar: causa queimaduras solares (radiação UV, não ionizante) e aumenta o risco de câncer de pele
  • Queimaduras térmicas: causadas por calor
  • Reação alérgica a medicamentos: pode causar diversas erupções cutâneas (urticária, exantema, etc.)
  • Infecção por herpes zoster: causa lesões vesiculares dolorosas ao longo de um dermátomo