Questões sobre Prevenção de Feridas
Teste seus conhecimentos sobre estratégias e medidas para prevenir a ocorrência de feridas.
A resposta correta é a alternativa B: Mudança de decúbito frequente.
A mudança de decúbito (reposicionamento) frequente é considerada a pedra angular na prevenção de lesões por pressão em pacientes com mobilidade reduzida ou acamados. O objetivo é aliviar a pressão prolongada sobre as proeminências ósseas, permitindo a reperfusão dos tecidos e prevenindo a isquemia.
A frequência recomendada para a mudança de decúbito varia, mas geralmente é a cada 2 horas para pacientes acamados e a cada 1 hora para pacientes sentados em cadeiras. A frequência deve ser individualizada com base na avaliação de risco do paciente, condição da pele e tipo de superfície de suporte utilizada.
Embora as outras medidas também sejam importantes na prevenção de lesões por pressão, elas são complementares ao reposicionamento:
- Uso de colchões de espuma de alta densidade ou superfícies de suporte especiais: Ajudam a redistribuir a pressão, mas não eliminam a necessidade de reposicionamento
- Hidratação adequada da pele: Mantém a integridade da barreira cutânea, tornando-a mais resistente a danos
- Suplementação nutricional com proteínas: Essencial para a manutenção da integridade dos tecidos e cicatrização, mas não previne diretamente a lesão por pressão
- Avaliação diária da pele: Permite a detecção precoce de sinais de lesão, mas não é uma medida preventiva primária
Portanto, o reposicionamento frequente é a intervenção mais direta e eficaz para prevenir a causa primária das lesões por pressão, que é a pressão prolongada e não aliviada.
A resposta correta é a alternativa D: Decúbito lateral a 30 graus (oblíquo).
A posição em decúbito lateral a 30 graus (também conhecida como posição oblíqua ou semi-lateral) é recomendada para aliviar a pressão direta sobre o trocânter maior do fêmur, uma proeminência óssea comum para o desenvolvimento de lesões por pressão.
Nesta posição, o paciente é virado ligeiramente para o lado (aproximadamente 30 graus em relação ao plano horizontal), com o uso de travesseiros ou cunhas para apoiar as costas e manter a posição. Isso distribui o peso corporal sobre uma área maior da nádega e da coxa, evitando a pressão concentrada sobre o trocânter.
As outras posições apresentam desvantagens em relação à pressão no trocânter:
- Decúbito dorsal (supino): Alivia a pressão no trocânter, mas aumenta a pressão no sacro e calcâneos
- Decúbito lateral a 90 graus: Coloca pressão direta sobre o trocânter do lado apoiado, aumentando o risco de lesão nessa área
- Posição de Fowler elevada (90 graus): Aumenta significativamente a pressão e o cisalhamento na região sacral e isquiática
- Decúbito ventral (prono): Alivia a pressão nas costas e quadris, mas pode ser desconfortável e aumentar a pressão no rosto, tórax e joelhos
Portanto, a alternância entre decúbito dorsal, decúbito lateral a 30 graus (direito e esquerdo) é a estratégia de reposicionamento mais comum e eficaz para prevenir lesões por pressão em múltiplas proeminências ósseas.
A resposta correta é a alternativa C: Inspeção diária dos pés e uso de calçados adequados.
A neuropatia diabética causa perda de sensibilidade protetora nos pés, tornando os pacientes incapazes de perceber lesões menores, pressão excessiva ou corpos estranhos dentro dos sapatos. Isso aumenta significativamente o risco de desenvolvimento de úlceras.
As medidas mais eficazes para prevenir úlceras em pés neuropáticos são:
- Inspeção diária dos pés: O paciente (ou um cuidador) deve examinar cuidadosamente os pés todos os dias, procurando por vermelhidão, bolhas, cortes, calosidades ou qualquer alteração. Isso permite a detecção precoce de lesões que podem evoluir para úlceras
- Uso de calçados adequados: Calçados terapêuticos ou bem ajustados, com espaço suficiente para os dedos e sem costuras internas, ajudam a distribuir a pressão uniformemente e evitar pontos de atrito ou pressão excessiva
- Evitar andar descalço: Mesmo dentro de casa, para prevenir lesões acidentais
- Cuidados com as unhas e higiene: Cortar as unhas retas, evitar remover cutículas e manter os pés limpos e secos
Embora as outras intervenções também sejam importantes no manejo do diabetes e cuidados com os pés, elas não são as mais eficazes especificamente para prevenir úlceras relacionadas à neuropatia:
- Controle glicêmico rigoroso: Fundamental para prevenir ou retardar a progressão da neuropatia, mas não previne diretamente as úlceras uma vez que a neuropatia está estabelecida
- Uso de meias de compressão: Geralmente contraindicado em pacientes com doença arterial periférica significativa, comum em diabéticos
- Aplicação de cremes hidratantes: Importante para prevenir pele seca e fissuras, mas não aborda a causa principal (perda de sensibilidade e pressão)
- Realização de exercícios para os pés: Pode melhorar a circulação e a mobilidade, mas não substitui a inspeção e o uso de calçados adequados
A resposta correta é a alternativa B: Uso contínuo de terapia compressiva.
A terapia compressiva é a base do tratamento e da prevenção de úlceras venosas em pacientes com insuficiência venosa crônica. A aplicação de compressão externa (através de meias elásticas, bandagens ou dispositivos pneumáticos) ajuda a:
- Reduzir a hipertensão venosa
- Melhorar o retorno venoso
- Reduzir o edema
- Melhorar a microcirculação
- Diminuir o extravasamento de fluidos e componentes inflamatórios para o interstício
O uso contínuo e adequado da terapia compressiva (com o nível de pressão correto e técnica de aplicação apropriada) é a medida mais eficaz para prevenir a recorrência de úlceras venosas e controlar os sintomas da insuficiência venosa crônica.
As outras opções não são as principais recomendações para prevenção:
- Repouso absoluto com pernas elevadas: A elevação das pernas ajuda a reduzir o edema, mas o repouso absoluto não é recomendado, pois a contração da musculatura da panturrilha durante a deambulação é importante para o bombeamento venoso. Exercícios leves e caminhadas são incentivados
- Aplicação de cremes esteroides na pele: Pode ser usada para tratar dermatite de estase, mas não previne a causa subjacente (hipertensão venosa) e o uso prolongado pode atrofiar a pele
- Desbridamento regular da pele: Não é uma medida preventiva
- Uso profilático de antibióticos sistêmicos: Não é recomendado e pode levar à resistência bacteriana
Outras medidas preventivas importantes para úlceras venosas incluem controle de peso, cessação do tabagismo, exercícios para a panturrilha e cuidados com a pele para evitar traumas e infecções.
A resposta correta é a alternativa C: Limitar a elevação da cabeceira da cama a 30 graus ou menos.
As forças de cisalhamento ocorrem quando camadas de tecido deslizam umas sobre as outras, causando estiramento e oclusão de vasos sanguíneos, o que contribui significativamente para o desenvolvimento de lesões por pressão, especialmente na região sacral.
Elevar a cabeceira da cama acima de 30 graus aumenta as forças de cisalhamento, pois o tronco do paciente tende a deslizar para baixo enquanto a pele sobre o sacro permanece fixa devido ao atrito com o lençol. Limitar a elevação da cabeceira a 30 graus ou menos (ou usar a posição de Fowler reversa, se clinicamente apropriado) ajuda a minimizar esse deslizamento e, consequentemente, as forças de cisalhamento.
As outras estratégias não são eficazes ou são contraindicadas:
- Manter a cabeceira da cama elevada a 90 graus: Maximiza as forças de cisalhamento na região sacral
- Usar lençóis de algodão áspero: Aumenta o atrito, o que pode piorar o cisalhamento e causar lesões por fricção. Lençóis macios e lisos são preferíveis
- Realizar massagem vigorosa sobre proeminências ósseas: É contraindicado, pois pode causar danos aos tecidos já comprometidos pela pressão
- Aplicar talco na pele: Não é recomendado, pois pode aumentar o atrito quando úmido e causar problemas respiratórios se inalado. Hidratantes são preferíveis para reduzir o atrito
Outras medidas para reduzir o cisalhamento incluem o uso de dispositivos de auxílio para mobilização (como lençóis deslizantes) ao reposicionar o paciente, evitando arrastá-lo sobre a superfície da cama.
A resposta correta é a alternativa B: A desnutrição aumenta a sensibilidade da pele à pressão e ao cisalhamento.
O estado nutricional desempenha um papel crucial na manutenção da integridade da pele e na prevenção de feridas, especialmente lesões por pressão. A desnutrição, particularmente a deficiência de proteínas e calorias, leva a:
- Perda de massa muscular e tecido subcutâneo, reduzindo o acolchoamento sobre as proeminências ósseas
- Diminuição da espessura e elasticidade da pele
- Comprometimento da função imunológica
- Redução da síntese de colágeno e outras proteínas essenciais para a integridade tecidual
Esses fatores tornam a pele mais frágil e suscetível aos efeitos deletérios da pressão, fricção e cisalhamento, aumentando significativamente o risco de desenvolvimento de lesões por pressão.
Portanto, a avaliação nutricional regular e a intervenção precoce para corrigir déficits nutricionais (incluindo proteínas, calorias, vitaminas como A e C, e minerais como zinco) são componentes essenciais de qualquer programa de prevenção de feridas.
As outras alternativas estão incorretas:
- A nutrição tem um impacto significativo na prevenção
- Embora a vitamina C seja importante para a síntese de colágeno, outros nutrientes também são cruciais
- A avaliação nutricional é importante tanto para prevenção quanto para tratamento
- A obesidade não protege contra feridas; na verdade, pode aumentar o risco devido à dificuldade de mobilização, aumento da pressão em certas áreas e má perfusão do tecido adiposo
A resposta correta é a alternativa C: Aplicar produtos de barreira (cremes ou filmes) na pele exposta à umidade.
Lesões de pele associadas à umidade (MASD) ocorrem quando a pele é exposta prolongadamente a fontes de umidade como urina, fezes, exsudato de feridas ou transpiração. A umidade excessiva macera a pele, compromete sua função de barreira e a torna mais suscetível a danos por fricção, cisalhamento e infecções.
A prevenção da MASD envolve um programa estruturado de cuidados com a pele, que inclui:
- Limpeza suave: Limpar a pele imediatamente após a exposição à umidade, usando produtos de limpeza com pH balanceado (não sabões alcalinos) e água morna. Evitar esfregar vigorosamente
- Proteção da pele: Aplicar produtos de barreira (como cremes à base de óxido de zinco ou dimeticona, ou filmes líquidos de barreira) nas áreas de risco para proteger a pele do contato direto com a umidade
- Manejo da causa da umidade: Implementar estratégias para controlar a incontinência (programas de treinamento vesical/intestinal, dispositivos coletores), gerenciar o exsudato de feridas (curativos absorventes) ou reduzir a transpiração
- Uso de produtos absorventes respiráveis: Utilizar fraldas ou absorventes que permitam a circulação de ar e afastem a umidade da pele
A aplicação de produtos de barreira é uma medida fundamental para proteger a pele da exposição à umidade e prevenir a MASD.
As outras alternativas estão incorretas:
- Manter a pele úmida com compressas molhadas causa maceração
- Sabão alcalino remove a camada lipídica protetora da pele
- Fraldas plásticas oclusivas retêm umidade e calor, piorando a maceração
- Esfregar vigorosamente a pele causa danos por fricção
A resposta correta é a alternativa D: Superfície de suporte ativa (alternância de pressão ou baixa perda de ar).
As superfícies de suporte são classificadas em reativas (estáticas) e ativas (dinâmicas). Para pacientes com alto risco de desenvolver lesões por pressão ou com lesões já existentes, as superfícies de suporte ativas são geralmente consideradas mais eficazes na redistribuição da pressão.
- Superfícies reativas (estáticas): Redistribuem a pressão aumentando a área de contato do corpo com a superfície. Exemplos incluem colchões de espuma de alta densidade, espuma viscoelástica, gel ou ar estático. São eficazes para prevenção em pacientes de risco moderado a alto, mas podem não ser suficientes para pacientes com risco muito alto ou lesões existentes
- Superfícies ativas (dinâmicas): Utilizam energia (geralmente eletricidade) para alterar periodicamente suas propriedades de suporte, aliviando ativamente a pressão em diferentes áreas do corpo. Exemplos incluem:
- Colchões de alternância de pressão: Possuem células de ar que inflam e desinflam alternadamente, mudando os pontos de pressão
- Colchões de baixa perda de ar (Low Air Loss - LAL): Mantêm um fluxo contínuo de ar através de pequenos orifícios na superfície, ajudando a controlar a umidade e a temperatura da pele, além de redistribuir a pressão
- Colchões de fluidização de ar: Contêm microesferas de vidro ou cerâmica fluidizadas por um fluxo de ar, criando uma superfície semelhante a um fluido que minimiza a pressão e o cisalhamento (geralmente reservados para casos muito graves)
As superfícies ativas oferecem um nível superior de alívio de pressão em comparação com as superfícies reativas e são recomendadas para pacientes com risco muito alto, múltiplas lesões por pressão ou que não podem ser reposicionados adequadamente.
As outras opções são menos eficazes ou inadequadas para alto risco:
- Colchão de espuma padrão: Oferece pouca redistribuição de pressão
- Colchão de água: Difícil de manusear e pode não oferecer suporte adequado
- Colchão de espuma viscoelástica: É uma superfície reativa, boa para risco moderado a alto, mas pode ser inferior às ativas para risco muito alto
- Pele de carneiro: Reduz atrito, mas não redistribui pressão significativamente
A resposta correta é a alternativa C: Elevar os calcanhares ("flutuação dos calcanhares") para eliminar a pressão.
Os calcanhares são uma das áreas de maior risco para o desenvolvimento de lesões por pressão devido à proeminência óssea e à fina camada de tecido subcutâneo. A pressão exercida pelo peso da perna sobre o calcanhar quando o paciente está em decúbito dorsal pode facilmente exceder a pressão de oclusão capilar, levando à isquemia.
A estratégia mais eficaz para prevenir lesões por pressão nos calcanhares é a "flutuação dos calcanhares", que consiste em elevar completamente os calcanhares da superfície de suporte, eliminando totalmente a pressão sobre eles. Isso pode ser alcançado usando:
- Travesseiros ou cunhas posicionados sob a panturrilha, de forma que o calcanhar fique suspenso no ar
- Dispositivos específicos para elevação dos calcanhares (botas ou protetores que mantêm o calcanhar elevado)
É importante garantir que o dispositivo utilizado não cause pressão em outras áreas, como o tendão de Aquiles, e que a circulação sanguínea não seja comprometida.
As outras opções são ineficazes ou contraindicadas:
- Manter os calcanhares apoiados diretamente sobre o colchão: Causa pressão direta
- Usar meias grossas: Não oferece proteção suficiente contra a pressão
- Aplicar bandagens elásticas nos tornozelos: Não alivia a pressão e pode comprometer a circulação
- Massagear os calcanhares: Contraindicado sobre áreas de risco ou com eritema
A resposta correta é a alternativa C: Lesões por fricção geralmente se apresentam como abrasões superficiais ou bolhas.
A fricção é a força que resiste ao movimento quando duas superfícies deslizam uma sobre a outra. Na pele, a fricção ocorre quando a pele esfrega contra superfícies como lençóis, roupas ou dispositivos médicos. Essa força atua principalmente nas camadas superficiais da pele (epiderme e derme superficial).
Lesões por fricção, também conhecidas como "queimaduras por atrito", geralmente se manifestam como:
- Abrasões superficiais (perda da epiderme)
- Vermelhidão
- Bolhas (em casos mais graves)
Elas são comuns em áreas como cotovelos, calcanhares e costas, especialmente quando os pacientes são arrastados ou deslizam sobre a superfície da cama durante o reposicionamento ou mobilização.
As outras alternativas estão incorretas:
- A fricção afeta principalmente as camadas superficiais da pele, enquanto o cisalhamento afeta tecidos mais profundos
- A aplicação de hidratantes ou emolientes na pele ajuda a reduzir o coeficiente de atrito, diminuindo a fricção
- A principal causa de lesões na região sacral é a combinação de pressão e cisalhamento, embora a fricção também possa contribuir
- O uso de talco não é recomendado, pois pode aumentar o atrito quando úmido. Produtos de barreira ou hidratantes são preferíveis
A prevenção de lesões por fricção envolve o uso de técnicas adequadas de mobilização (levantar em vez de arrastar), uso de dispositivos de auxílio (lençóis deslizantes), manutenção da pele hidratada e uso de curativos protetores (como filmes transparentes ou hidrocolóides finos) em áreas de risco.